domingo, 28 de dezembro de 2014

Tutorial Rápido: Rodando Age of Empires II HD Edition (Steam) no Linux

Age of Empires 2 HD rodando no Arch Linux através do Wine




Muitos dos jogos disponíveis na Steam já são jogáveis no Linux, mas a biblioteca da Steam para Windows, infelizmente, ainda é maior. Age of Empires 2 é um classico da Ensemble Studios, publicado pela Microsoft, que marcou bastante a minha infância. Comecei jogando o Age of Empires original, nas aulas de informática da primeira série, na época, tinha esse jogo instalado nos laboratórios. Depois eu descobri o Age of Empires 2 e joguei praticamente a minha vida inteira o jogo.

Quando foi lançada a versão HD na Steam eu confesso que fiquei com muito hype. Age of Empires 2 é, para mim, o melhor da série, e acredito que o III falhou bastante em ser uma continuação adequada para o jogo. AoE II era um RTS bastante complexo e rico, e que inovava por utilizar mapas gerados aleatoriamente, e é um jogo extremamente recomendado. Mas, para pessoas como eu que usam apenas Linux, como faz pra rodar esse negócio?

Hoje adquiri finalmente esse jogo na Steam e tive que fazer alguns truques para ele funcionar perfeitamente. Então anota aí

1. Instale a steam no Wine, usando o Winetricks ou o PlayOnLinux (a segunda opção é a mais fácil e recomendada)

2. Instalar normalmente o Age of Empires II HD na sua Steam.

3. Agora você navega até a pasta onde o jogo está instalado (se você instalou normalmente pelo wine deve ser algo como ~/.wine/drive_c/Program Files/Steam/steamapps/common/aoe2hd), e renomeia o arquivo Launcher.exe para Launcher.bak e o arquivo AoK HD.exe para Launcher.exe

4. Aproveite o seu joguinho! (ele pode demorar um pouco pra abrir porque o visual c não vai instalar)


segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Primeiras Impressões- Arch Linux


Chega de ser um plebeu usuário de distros acessíveis que já vem com tudo instalado e não oferecem nenhum desafio ao seu utilizador. Essa vida fácil em que todos os seus drivers são facilmente detectados e instalados para você, todos os programas que você precisa e não precisa já estão lá assim que a instalação termina, e com acesso à internet livre de quaisquer configurações. É tempo de ascender.

Ok, minha mentalidade não é tão elitista assim, mas eu de fato sentia a necessidade de me aprofundar um pouco mais no Linux, e buscar uma distribuição que me trouxesse a necessidade de realmente aprender como as coisas funcionam. Existem várias distribuições que estão nessa veia mais "tradicional": Slackware, Gentoo, Arch, seriam os exemplos mais comuns.

Quanto ao Slackware, sinceramente não é meu estilo favorito de distribuição. A instalação dele é bem fácil, mas depois que a distribuição está instalada, você está basicamente preso aos pacotes mais estáveis- e portanto mais antigos. Pra quem gosta de testar as últimas novidades e ter sempre os pacotes mais recentes... Nope, essa distro não é bem por aí. Claro que dá pra conseguir, mas o foco da distribuição está em manter o sistema estável e funcional, uma filosofia um tanto quanto "em time que está ganhando não se mexe". Usei o Slack por alguns meses, mas realmente queria uma abordagem diferente no meu OS.

Se formos falar de Gentoo, é uma distribuição fascinante. Ela tem bastante em comum com o Arch, mas o principal diferencial dessa distribuição é o seu processo de instalação: você basicamente tem um ambiente command line para realizar seu particionamento e tudo mais, então você... Seta os flags do compilador C (gcc) e COMPILA O SEU SISTEMA. Isso mesmo, o seu sistema é compilado diretamente da fonte para o seu computador. Por causa disso a instalação pode levar várias horas. O sistema é bem documentado, e por conta de sua complexidade e do fato de muitos usuários encontrarem problemas, é comum que a comunidade simplesmente mande você "ler a porra do manual" (RTFM).

Falando em distribuição bem documentada, é aqui que chegamos ao Arch. Os princípios basicos dessa distro são: manter a simplicidade acima da facilidade, ou seja, a distribuição é simples, não necessariamente intuitiva. Ela não vai "te dar a mão" e te ajudar a resolver tudo, como o Ubuntu faria, por exemplo. Ao invés disso, sua base está em uma excelente documentação: provavelmente a melhor wiki que eu já vi para um sistema operacional. Desde o processo de instalação, até os mais diversos tipos de configuração e situações que o usuário vai enfrentar, tudo está muito bem descrito passo a passo, com trechos de códigos e comandos de terminal e tudo mais que for necessário pra colocar o seu sistema pra funcionar. Por causa disso, é comum que os usuários acabem conseguindo resolver seus problemas simplesmente com uma boa pesquisa na wiki e alguma experimentação, sendo portanto uma distribuição que instiga a curiosidade e exercita a capacidade de buscar soluções para seus problemas. O próprio processo de instalação da distro é uma aula de linux por si só, e os excelentes tutoriais da wiki do Arch tornam o processo muito menos assustador.

Guiei minha instalação por meio deste artigo. O processo é completamente feito em linha de comando, se você se sente intimidado pelo terminal, nem tente. Em resumo, ele é basicamente: bootar a iso da instalação, obtida do site oficial da distribuição, (utilizei o mirror do pet.inf.ufsc.br, que é da minha universidade), conectar na internet (como uso notebook, bastou dar um wifi-menu, que um menu bastante intuitivo me permitiu conectar ao wifi sem maiores problemas), particionar o HD, montar as partições, realizar a instalação do sistema base (com o comando packstrap), gerar alguns arquivos de configuração, entrar na sua instalação com um chroot, realizar algumas configurações basicas (locale, fuso horário, configuração da rede, etc), instalar um bootloader, reiniciar, e então instalar as aplicações necessárias para utilizar o sistema (drivers de vídeo, alsa-utils, x.org, e o desktop manager de minha escolha, no caso, o Gnome 3). O sistema vem completamente "pelado", até mesmo utilidades basicas como o ifconfig não vem instaladas por padrão, portanto, a documentação oferece algumas orientações quanto ao pós-instalação, para garantir que você coloque o sistema para rodar direitinho.

A vantagem disso é que você só instala exatamente aquilo que precisa pra utillizar seu sistema, e nada mais. A simplicidade é extrema, e frequentemente, o terminal vai ser mais que suficiente para realizar tarefas do dia-a-dia (instalar programas, conectar ao wifi, etc). Por exemplo, utilizo o netctl-auto para conectar automaticamente a uma rede wifi conhecida no instante do boot, um método que parece arcaico, considerando que a maioria dos sistemas tem um menuzinho de wifi pertinho do relógio, mas que é extremamente eficiente, confiável e elegante.

Os repositórios da distribuição são excelentes: o gerenciador de pacotes padrão, o Pacman, é bem fácil de se utilizar (mais fácil do que o apt-get, se me perguntar), e se algum pacote não estiver no repositório oficial, ele com certeza vai estar no AUR, o Arch User Repository, um repositório de pacotes criados por usuários, mas que são todos confiáveis e muito funcionáis.

A comunidade da distro é muito boa, navegar e conversar nos fóruns permite aprender muito sobre a distribuição.

Meus drivers de video exigiram um pouco de configuração, mas com a ajuda da documentação da distro, consegui fazer minha placa da nvidia com tecnologia Optimus funcionar perfeitamente, e jogar meus jogos na Steam e no Wine (Starcraft 2 e Dota 2 testados e funcionando muito bem, não tive tempo de instalar outros ainda, então em breve escreverei um artigo mais detalhado sobre games no Arch)

Era isso pessoal, distro recomendada para usuários um pouco mais experientes, ou para pessoas como eu, que são novatos no linux mas tem a curiosidade e a persistência para ler muito da wiki e documentação da distribuição e fuçar até resolver os problemas (mesmo que tenha que realizar umas 5 instalações até o negócio funcionar direito, eheh).



domingo, 7 de dezembro de 2014

Review- Audacious: Uma alternativa leve ao Winamp, para Windows e Linux


Este é o primeiro de uma série de reviews que eu pretendo fazer dos softwares Linux que eu mais uso no dia-a-dia e que são boas alternativas aos principais softwares de Windows. Vou começar pelo Audacious, um player de música super leve e poderoso, muito parecido com o clássico Winamp (que descanse em paz).

O audacious é um player para quem quer ouvir suas músicas e criar e editar playlists com facilidades. Conta com um poderoso equalizador extremamente sensível, para que você possa calibrar o som às suas necessidades. Eu mesmo só fiz alguns incrementos sutis nos graves e médio-agudos, porque mais que isso estourava o som nos meus fones de ouvido que não são muito bons. Para quem possui um headphone bom, ou mesmo um setup de caixas de som decente, perceberá que o equalizador permite ajustar o som conforme o seu gosto.

O programa funciona de forma muito semelhante ao Winamp. É possivel adicionar músicas à sua playlist simplesmente arrastando-as para o programa, salvar suas playlists para ouvi-las futuramente, etc.

É para mim um dos melhores players de música, por ser leve e cumprir bem seu papel. Para instalá-lo na sua distribuição linux, procure no seu repositório, ele provavelmente está lá. No Ubuntu/Mint:

sudo apt-get install audacious .

Caso você use Windows ou o audacious não esteja no repositório da sua distro, basta acessar este link e baixar o software. Extremamente recomendado.


sábado, 6 de dezembro de 2014

Começando com um Review: Linux Mint 17 Qiana (MATE)


Apresento-lhes meu levemente bagunçado Desktop. O sistema operacional que estou rodando, e que é o alvo deste review, é o Linux Mint 17 Qiana, mais especificamente a versão com MATE desktop.

Sempre fui fã do GNOME 2, e dentre os sistemas operacionais linux que mais me marcaram por terem um desktop personalizável e agradável de utilizar , estão o Debian 6, que eu utilizava com esta interface gráfica, o Ubuntu 10.04, e o Fedora 14, que também utilizei por um tempo, com o Gnome 2.

Tanto o elegante e leve design, quanto a possibilidade de usar o robusto gerenciador de janelas Compiz sempre me agradaram. Quando o Gnome 3 e o Unity surgiram, fiquei bastante chateado e acabei migrando para o XFCE, que também é um excelente desktop. Usei também o KDE por um tempo, mas nunca me adaptei completamente, além de achar o seu consumo de recursos desnecessariamente abusivo. Sentia saudades da experiencia desktop proporcionada pelo Gnome 2.

Passei um tempo usando Windows porque troquei de computador, e estive procurando uma distribuição para instalar. Foi quando encontrei o Mint.  Dentre as coisas que mais me interessaram no Mint foram:

1. Baseado no Ubuntu, porém aprimorado para a experiência de usuários de desktop

2. Por ser baseado no Ubuntu, e consequentemente no Debian, o repositório tem uma quantidade respeitável de aplicações

3. Fácil instalação e configuração, elegante em todos os seus aspectos, porém mais leve e otimizado do que o Ubuntu original

e principalmente

4. Oferece o MATE Desktop como alternativa. O MATE, para quem não conhece, é o sucessor espiritual do Gnome 2, feito por pessoas que,  como eu, sentiam que aquele desktop era o que havia de melhor para sua experiência. Dentre as distribuições que já oferecem o MATE como opção, estão o Fedora, o Debian, o Arch, e o Mint. O Ubuntu não possui um flavor oficial com MATE, mas uma distribuição feita com esse propósito já existe, o Ubuntu-Mate.

Começando com as informações basicas sobre a distro: ela é baseada no Ubuntu 14.04 LTS e totalmente compatível com ele. A partir da versão 17, todas as versões do Mint serão baseadas somente em versões LTS do Ubuntu, que são versões com um tempo de suporte de 5 anos, ou seja, são 5 anos que você pode utilizar seu sistema tranquilamente, recebendo as últimas atualizações, sem precisar trocar de sistema operacional. Elas são lançadas de 2 em 2 anos, e recebem ocasionalmente grandes atualizações (semelhantes aos Service Packs do Windows). Uma versão baseada na primeira dessas grandes atualizações já foi lançada, o Mint 17.1 (disponível, por enquanto, apenas no desktops Cinnamon e Mate). A versão que utilizo utiliza também o MATE 1.8.1. A versão do Kernel é 3.13


É um sistema operacional elegante, de fácil instalação e configuração. Extremamente recomendado para usuários iniciantes que estão migrando do Windows, bem como usuários do Ubuntu que gostam do sistema operacional, porém não gostam do ambiente Unity, ou dos outros flavors da distro, e querem um desktop mais adaptado às suas necessidades do dia-a-dia. Também é recomendado para usuários experientes, mas que querem um sistema operacional prático e personalizável, sem precisar se preocupar em configurar sistemas mais complexos como o Arch e o Slackware. Não é o sistema mais estável do mundo: bugs ocorrem ocasionalmente, assim como no Ubuntu, e na minha máquina já experienciei alguns problemas de congelamento do ambiente gráfico, ainda que raros, necessitando reiniciar o X ou o próprio computador.

Possui uma central de programas parecida com o Ubuntu e fácil de navegar. Óbviamente, os repositorios são os mesmos do Ubuntu 14.04, e você pode utilizar o apt da mesma forma que no Ubuntu. Vale lembrar que os softwares que vem com ele não são os mais atualizados, visto que já existe o Ubuntu 14.10. Porém, é muito fácil atualizar seus programas e repositórios.

A experiência dentro do terminal é exatamente a mesma que o Ubuntu, porém fora dele, vê-se que o sistema é mais polido e organizado que o Ubuntu. O Desktop foi realmente pensado para proporcionar a melhor experiência possível. Eu mesmo fiz algumas personalizações para deixá-lo mais parecido com o desktop classico do gnome 2, (com os 3 menus superiores e tal), mas ele vem com um menu alternativo, chamado Mint Menu, super completo, semelhante ao do KDE, por exemplo.

Drivers proprietários são extremamente faceis de se instalar, utilizando  o Gerenciador de Drivers do sistema, sem necessitar de um único comando de terminal.

Para realizar a instalação da minha placa de vídeo, uma Nvidia Geforce GT 740M, tudo que  precisei foi abrir o gerenciador de drivers, escolher o driver da nvidia, e reniciar o computador para colocar o driver open-source nouveau na blacklist e evitar problemas de compatibilidade. Depois disso foi só aproveitar meus jogos preferidos, seja na Steam para Linux (Dota 2 no caso, hehe) ou através do Wine/PlayOnLinux (World of Warcraft, Starcraft 2, alguns jogos na Steam que só estão disponíveis para Windows, como o Final Fantasy VII, etc). Além dos emuladores de jogos classicos que eu sempre gosto de jogar.

O driver da Nvidia para Linux é bem honesto, fácil de configurar e possui um painel de opções bem bom.

Saber que no Mint eu não vou ter dificuldades de configurar meu hardware é uma das razões pela qual essa distribuição ganhou um lugar especial no meu coração, ehehehe.

A seleção de programas pré-instalados do Mint é provavelmente a melhor do mercado, em termos de software para uso em desktop. O sistema já inclui a maioria dos plugins necessários para sua experiência multimidia (Flash, codecs de audio e video, etc), inclui também o Java, Python, entre outros. Em termos de softwares, destaque para o Firefox, Transmission, LibreOffice, o Gimp, o Banshee, o VLC, entre outros. Reviews desses programas em especial virão em breve. Os únicos programas que eu realmente precisei instalar foram o Chrome, o Vim (meu fiel editor de texto, que uso para programação em geral), o Spotify (muito fácil de instalar nessa distro), e alguns outros programas e jogos.

Vale lembrar que a distro não vem com nenhum daqueles joguinhos toscos que vem na maioria das distros, porque ninguem, honestamente, joga aquilo. Hehehe

Era isso pessoal, distro recomendada, nota 8/10!